Levanto pedindo refúgio, como num dia que não se quer acordar, ou se acorda tarde demais. Meu rosto pálido, mas com vida – hoje sim, sem dúvida, com vida – na pia do banheiro. Um cinzeiro vazio ao lado, não fumo!.. ou já me esqueci disso.
Pés descalços no chão quente. Um gole de café. Dois, três.. e mais outro. Ainda preciso acordar. Farejo a horta lá fora que costuma não crescer. Cavo, adubo, rego, planto, mas ainda não colho nada, mas isso não importa. Mais um pouco de água que deixo correr. E mais café...
Esfrego meu peito, estico os braços, olho pra longe e paro. Pessoas passam e eu ali, como espantalho, fingindo trabalhar, queimando ao sol. Sobrancelha grossa que coça com uma mosca. Um bom dia, algumas aspirinas e meu rosto ainda pálido. Outro copo de café, este com whisky, e agora sim, saio para colher.