Nem todos os caminhos são limpos pelos passos arrastados, cheios do peso inconstante do repentino solavanco da cabeça, que bebe, gira, bate e pensa... pensa repetidamente, deixando escapar vespertinos receios.
Algumas poses para os tomates acanhados que há meses não perdem sua cor. Enquanto sento no muro, observando a rua. Por lá sempre passam duas pessoas.
Ainda tomo meus comprimidos, mesmo depois de curado, almoço sempre sentado no meio do nada, como apressado. Ando de lado quando não sei pra onde ir.
Me assombra a alegria da tarde, o cheiro de café torrado, as flores que giram como se fosse primavera, a água que ondula, arrastada pelo vento que não sobra. Os cabelos molhados, a casa torta, o canto que vem dos pássaros sempre que as vozes se calam.
E lá se vão os dois, como se fossem sozinhos. E eu cá, como se nunca estivesse. Conto onze clichês para cada passo dado, e um bocado de insanidade pra acabar com o que havia traçado. Talvez já se baste uma por diferença.
Anoto o sonho e escondo o papel. A idéia é não acordar, ou descobrir que nunca estive sonhando.