Seria qualquer coisa se não fosse exato. Ainda assim não tem nome ou espaço. Apenas algo vago que vejo refletido através do copo... Mais um gole. Aperto minhas vistas, insistindo em fingir não ver.
Troco da lâmpada para o sol, comprometendo-me, ainda, com o silêncio do dia que mal começou. Ameaço não vê-lo e chego até a me despedir. Mas recuso a reclusão também.
Uma volta em tudo que ficou largado. Ainda não sei se gosto desse cheiro de podre que ficou, do espantalho que agora vive a sorrir, com cara de bom moço, roupas quase limpas, agachado perto dos tomates - que nem se coram mais quando me vêem -, torcendo a meia encharcada ou, ainda, desses pássaros que comem tudo apressados, fingindo não haver nada ali.
Uso as mãos para começar a cavar a terra. Perco-me de mim, e só paro quando o dia já havia se despedido há algum tempo. Forro tudo aquilo com pequenas pedras que vou recolhendo sem pressa. Uma após a outra, enchendo os bolsos da calça, da camisa e até o chapéu. Uma ou outra escondo dentro do sapato. Quando termino sento em uma das bordas, torcendo pra que chova incontrolavelmente e encha o lago recém criado.
Ainda não sei se poderia ser alguma coisa. Tampouco pensei. Esqueci tudo de esquisito dentro de mim. Mas ainda assim pode ser. Ascende um fósforo que não queima, e a chama... Não, não vou. Mais um gole e aquilo ali, ainda assim.