quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Já me cansei dessa cor nauseada da alface que quase esqueci de regar. Distante desta fase de um turbilhão de pessoas que passam despercebidas sempre se lembrando de si próprias açucarando a aba do chapéu com um aceno sem cumprimento algum. Me tranco na rua, donde posso ver todos, escondendo-se de mim mesmo.

Empaco numa mula manca que eu comprei pra que suba aquele monte. Ela já o faz sem ordens, e quase sempre me esquece por aqui, perdido nessa rotina que não sei onde larguei. De lá vê o sol nascer até quase de tarde e de onde quase nunca volta. Mas já me acostumei a procurar somente os discos voadores de cores trocadas. Na quarta servi o vinho num saco de pipocas enquanto via as formigas calçando as botas antes mesmo de tira-las.

Mas ainda estão todos aqui perdidos ao meu lado, trombando-se e falando ao mesmo tempo. Não te dou atenção enquanto olho pra você. Mas sei que te planto e quero ver-te crescer, ainda que pinte as tuas folhas verdes de laranja e ande sempre de costas e com esses óculos que não me deixam ser.

3 comentários:

  1. "Mas ainda estão todos aqui perdidos ao meu lado, trombando-se e falando ao mesmo tempo"

    como atravessar a linha do tempo e entender no outro o estranho eu... você é um barco sem remo...

    abraços,
    do menino-homem

    valeu!

    fique com Deus!

    ResponderExcluir
  2. Seu olhar que vê fundo e sua linguagem singular me encantaram nessa visita que lhe faço!
    Voltarei outras vezes...
    Beijo

    ResponderExcluir
  3. Não sei se as palavras se perdem em mim ou eu me perco em tuas palavras caro amigo.....vejo teus personagens como se eles do meu lado encenassem cada linha...e vou lendo...me entregando inebriante para que não encontre o ponto final..mais lá ele aparece numa esquina qualquer e mais uma vez me vejo encantado com tuas linhas....

    parabens amigo...


    ademerson novais de andrade

    ResponderExcluir