sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Ainda visito a casa dali de baixo. Noutro dia coloquei uma escada de ponta-cabeça, já que dela não preciso subir. Às vezes levo alguns pratos, outras vezes levo a poeira dos dias, as moscas e as feridas. Sento sempre perto da janela que vive entreaberta, como se deixasse quase nada passar, e deixa tudo lá dentro diferente. Quando o sol atravessa a garrafa faz desenhos no chão que tendo descobrir.

Vou pouco, porque tenho vergonha. Vez ou outra, saio antes do santo estender a mão. Certo dia correu até a perto, repousou uma das mãos lá no alto do batente e ficou a me olhar. Não disse nada, mas revelava aquele semblante de interrogação. Eu não sei, porque não vi, corri sem virar pra trás. Só parei quando encontrei aquelas duas flores que nunca sei se devo passar entre elas.

Eu sisudo é como aquele último gole que só uso eventualmente. Todas as garrafas ficam pela metade porque às vezes podemos decidir o que acaba.

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