Não largo a enxada, não paro de cultivar. Por vezes só as vejo crescer, quieto, tragando o fim do dia e baforando essas cinzas para longe de mim. Não que eu pare – impossível – mas as botas encostadas naquele resto de parede só dizem que meus pés coçam a lama lá de fora.
Ainda vejo descer as estrelas quando encosto as costas no tronco do meio da sala. E finjo acreditar nos olhos por trás dos muros, surrupiando em algum buraco este meu nada. Inquieto-me. Mas nada.
Lá no canto algumas Viola tricolor L quase sem querer. São assim sem cultivo nascendo despercebido, teimando em chamar minha atenção. Quando canso não rego. E ando por cima delas com a cabeça quase alcançando o teto, onde escondo as pedras sobre as ripas, pra que me sirvam no dia de não-sei-o-que.
Mas não paro, ainda que finjo. Todo esse lixo deixo pros homens que passaram correndo. Noutro dia inventei de colocar tudo em papel-presente e ninguém levou.
Querido Evan, muito bom lê-lo novamente...
ResponderExcluirSaudades dos seus textos, saudades de Você.
Beijos confessos...