Já me cansei dessa cor nauseada da alface que quase esqueci de regar. Distante desta fase de um turbilhão de pessoas que passam despercebidas sempre se lembrando de si próprias açucarando a aba do chapéu com um aceno sem cumprimento algum. Me tranco na rua, donde posso ver todos, escondendo-se de mim mesmo.
Empaco numa mula manca que eu comprei pra que suba aquele monte. Ela já o faz sem ordens, e quase sempre me esquece por aqui, perdido nessa rotina que não sei onde larguei. De lá vê o sol nascer até quase de tarde e de onde quase nunca volta. Mas já me acostumei a procurar somente os discos voadores de cores trocadas. Na quarta servi o vinho num saco de pipocas enquanto via as formigas calçando as botas antes mesmo de tira-las.
Mas ainda estão todos aqui perdidos ao meu lado, trombando-se e falando ao mesmo tempo. Não te dou atenção enquanto olho pra você. Mas sei que te planto e quero ver-te crescer, ainda que pinte as tuas folhas verdes de laranja e ande sempre de costas e com esses óculos que não me deixam ser.