segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Com o tempo me acostumei com o barulho do vento que entra sem parar. O frio é companhia inestimável, já que faz abraçar-me em um quente conforto. Sem outros laços apertados, confundo-me neste interminável ‘eu’, distante do copo, do fogo, diante do violento espaço oco do vaso de flor, que teima um perfume entre o cheiro e a lembrança.

Acho que vi um dos gnomos sentados por ai. Óculos fortes, garrafa vazia de coca-cola na mão. Era como se olhasse para mim, e para o nada ao mesmo tempo. Passei olhando de canto, como se não fosse comigo. Nem insisti em voltar, talvez pra não ter que puxar assunto, ou atrever um simpático ‘bom dia’. Como se fosse necessário.

Ajoelhei-me diante da casa, sob a sobra da árvore. Fechei os olhos, juntei as mãos e traguei fundo o cigarro entre elas. Depois outro. Deixei-me ignorar pelo nada que acontecia em minha volta. Escutei cada ausência de barulho e me irritei com aquelas vozes inexistentes. Acabei por me desconcentrar.

Cocei a orelha enquanto voltava. Quando cheguei, já estava vermelha. Mal vi que já havia acabado.

7 comentários:

  1. Com o tempo a gente se acostuma...
    Com as vozes, o vento, a inquietação e com a orelha vermelha tb...

    Um beijo mágico e uma ótima semana!!!

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  2. João,
    não só escreve
    constrói
    avenidas poéticas
    novas e quentes
    aos quais sempre
    gosto de passar...

    abraços,
    e luz
    e continuemos...

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  3. "Deixei-me ignorar pelo nada que acontecia em minha volta..."

    Quantas vezes é bem assim que estamos... Rodeados de nada...

    Lindo... Absoluto, real...

    Beijos com saudades...

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  4. Quando pensei em continuar, já tinha acabado.
    abraço :D

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  5. Que lindoo João.
    é tão vir aqui te ler.
    me da paz e inspiração, sabia?
    adoreeei, mesmo!
    =D

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  6. Ambientes, imagens, sensações, personagens....tudo se completa em nosso universo particular!

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