sábado, 25 de julho de 2009


Há três dias construí uma casa debaixo da árvore. Tenho medo de alturas e escadas. Parece uma casinha de cachorro, no estilo barroco, fachada de gesso, altarzinho numa das paredes com dois santos que inventei com a lama lá de fora. Ajoelhei-me diante deles, mas não pedi nada, e nem agradeci, apenas achei o gesto bonito, ou outra razão não teria pra estarem lá, ainda que sem nomes, graças ou mantos.

Sem pecados, agarrei a garrafa com tanta força, que de mim quase foge. Pude andar tranquilamente o resto da tarde, de um lado para outro, chutando as folhas e contando os passos, tomando goles daquele vento sereno de fim de dia, doses de sol que se despedia, sentindo seco pelo meu corpo o conhaque vencido, do qual me entregava, derrotado.

Acompanhei uma procissão que se perdia por debaixo da casa. Surdinamente o relógio foi dando voltas sem parar, até meus olhos sortearem uma hora qualquer. Cochichei com umas duas que por lá passavam a indecência das que carregavam as rosas. Arrotei faminto e me despedi, ainda de joelhos.

9 comentários:

  1. Que lindo *-*
    Adorei seu jeito meio misterioso de escrever.
    Virei mais vezes :D

    Ps: obrigada pelo seu comentário, eu realmente o amei.. me fez acreditar no amor novamente.

    Beeijos :*

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  2. É estranho, mas bom. Diferente, João. Maravilhoso. ^^

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  3. Ah, eu sempre sonhei com uma casa na arvore.
    Mas eu queria uma lá no topo mesmo.. rs

    te seguindo tbm.
    Beijo

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  4. Sem pecados agarrar uma garrafa que quase foge... Tomar goles de vento, doses de despedida...

    Cada vez mais me encanto com seu espaço...


    Beijos em grandes doses...

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  5. Que jogos de palavras hem cara....uma casinha embaixo de uma arvore pelo medo de altura e escada...gostei da sugestão e tb tenho medo de altura...


    Ademerson Novais de Andrade

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  6. Um dia ainda vou ter uma casa no campo. Ou nas montanhas. Sei lá, só de imaginar, já acho lindo e relaxante. Amei o texto.

    Ah, quanto à sua crítica, claro que eu não me importo, é bom ver as opiniões alheias, assim posso melhorar! Sinta-se livre pra dizer o que acha de verdade, é melhor que falsos elogios. A história tem duas partes, a idéia era mostrar a primeira parte pelo ponto de vista dos pensamentos dele. Mas posso ter deixado realmente confuso, então obrigada mesmo pela dica. Te respondo aqui porque não tenho outro meio de comunicação, se quiser sinta-se livre para apagar esse comentário. Só queria agradecer, mesmo!

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  7. Estou adorando ler você, e serei uma seguidora de seus espaços literários aqui, meus PARABÉNS,
    Efigenia Coutinho
    Escritora

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