Nem ao menos cogitei a idéia de abrir meus olhos. Percorri com as mãos a pia, a água, o rosto, os espinhos da garrafa, o copo, que fazia arranhar pelo pescoço, descendo, como se subisse. Fiquei ali parado por um tempo que não contei, evitei pensar, solucei, arranhei as unhas na cabeça.
Esgueirei minhas pequenas misérias de consciência para perto do calor. Duvidava da clara vantagem de continuar de pé, limitando-me a uma coceira no tornozelo. Tinha a nítida certeza de que algo continuará ali, ainda que de um tempo para o outro, tivesse fugido pela casa sem paredes. Mas não procurei... nem saber se era dia ou noite.
Abordei as moedas no pote de cima da geladeira. Engatinhei até um canto qualquer, sentindo o vento frio batendo nas costas. Afastei a terra com as mãos e enterrei o pote, as moedas e duas gotas de uma água escorrida, como brincando de pirata. Espreguicei-me, dei tom à pele com lápis. Pisquei os olhos.
Distante e ao mesmo tempo tão próximo.
ResponderExcluirInteressante, no minimo.
Um texto tão lógico ao mesmo tempo tão lúdico...
ResponderExcluirPerfeito.
Gostei muito!
Beijo, caro amigo!
Não contar o tempo... Não saber se é dia ou noite... Delírios de uma mente brilhante...
ResponderExcluirAdoro ler Você!
Beijos coloridos sem cor...