Não me lembro da ultima vez que cuidei da horta. Faz cem anos que não mando mais em minhas mãos. Ouvi vozes pela rua e sai junto com a lua. Plantei sementes, reguei, acariciei as ervas crescidas – mesmo as daninha –, enruguei meu rosto e bati três vezes na árvore, como um tique que quis inventar. Sorri debochadamente.
Não achei vivas as janelas da casa, que lustrava com as solas da bota. Tão pouco achei sorrindo o vento barulhento que não me deixava ouvir o ranger da porta, lubrificada com as pedras que botei para segurá-la.
Dali partira sempre alguns tomates. Verdes. Custava corá-los. Ainda que pudesse lhes contar horas e horas de qualquer história. Partiam sempre, desejando de mim apenas para subsistência.
Todas as tardes me soltava para ver o sol se pondo por trás da casa, sempre num alaranjado, enquanto sentado à sombra de qualquer coisa por ali. Ainda que o sol se pusesse sempre pelo lado oposto, e que, nesta época, chova todas as tardes. Eu gosto mesmo de inventar.
Continue inventando. Está dando certo...
ResponderExcluirVários sentidos...muitas sensações...
ResponderExcluirInventar realmente é muito bom...
Bjosss no coração :**
invertar precisa e tem que fazer parte da vida... belo o seu post caro amigo
ResponderExcluirPrazer intenso ao ler você proseando poesia, inventando tiques e saindo com a lua...
ResponderExcluirDoce João esse seu espaço me faz sonhar...
Beijos regados com carinho...
*_* lindo
ResponderExcluirQuero uma casa pra ver o sol nascer.
ResponderExcluirEsse blog desperta em mim uma vontade de coisas pequenas. Grandes coisas pequenas.